quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tráfico x Forças de Segurança na Favela do Alemão: F.O.A.P. é contra os dois!



Uma resposta do Estado - Polícia apreendeu mais de 500 armas no Alemão e Vila Cruzeiro

A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.


136 fuzis, 169 pistolas, 35 metralhadoras e outros tipos de armamento

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou na noite desta sexta-feira (3) um balanço de apreensões de armas feitas pelas duas polícias durante operações no Complexo do Alemão e na favela Vila Cruzeiro, na Penha, ambos na zona norte.

Segundo os dados, de semana passada até a última quinta-feira (2), foram recolhidos 136 fuzis, 169 pistolas, 56 revólveres, 34 espingardas, 35 metralhadoras, 18 carabinas e 18 submetralhadoras, perfazendo um total de 466 armas. Noticias posteriores revelam que as apreensões de fuzis chegaram a 277, totalizando 607 armas.

A polícia não divulgou a quantidade de presos, nem de apreensões de drogas. Informou apenas que, desde o dia 21 de outubro, recolheu quase 40 toneladas de maconha, mais de 314 kg de cocaína, 54 kg de crack e 9 kg de haxixe.

Sobre prisões, a corporação informou que, desde 21 de outubro, prendeu 82 suspeitos e apreendeu dois menores por associação para o tráfico de drogas. Outros 36 foram presos e 19 adolescentes detidos por praticarem ataques.


PREJUÍZO

Vinte e oito milhões, trezentos e quarenta e oito mil e novecentos reais. Essa é a estimativa mínima de dinheiro que traficantes da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, perderam em apreensões de armas e drogas feitas pelas polícias civil e militar desde quinta-feira até esta segunda-feira (29).

Os cálculos foram baseados na arrecadação mínima da venda de maconha e cocaína, além do prejuízo com a perda de armamentos, que são obtidos pelos traficantes por um preço até 10 vezes maior que a venda comercial para as Forças Armadas.

O maior golpe das polícias foi em um dos principais produtos de lucro dos traficantes: a maconha. Em cinco dias, foram apreendidas 36,888 toneladas da droga, uma perda de, no mínimo, R$ 18,444 milhões em venda.

De acordo com o titular da Dcod (Delegacia de Combate a Drogas), Pedro Medina, um quilo da droga prensada, após ser transformado em trouxinhas para o varejo, pode ser vendido de R$ 500 a R$ 2 mil. “Um tablete de maconha pesa cerca de um quilo. Se misturado a outras substâncias, esse mesmo quilo pode render até cinco da droga. O preço varia de acordo com a pureza da maconha”, disse.

Ainda de acordo com o policial, que está há dois meses a frente da especializada, a cocaína é o entorpecente que tem a maior relação de quantia e lucro. O faturamento de um quilo da droga, após ser vendido nos chamados sacolés, varia de R$12 mil a R$ 15 mil.

Durante as operações, foram apreendidos 288 quilos de cocaína. Ou seja, o tráfico deixou de arrecadar, calculando como base o preço do quilo a R$ 12 mil , pelo menos R$ 3,456 milhões.

Segundo Medina, não é possível fazer uma estimativa do lucro mensal do tráfico de drogas, mas as apreensões e a perda do território foram determinantes para desarticular um ciclo de violência. “Com essas apreensões eles não têm dinheiro para comprar armas e, assim, não tem poder para subjugar moradores”, afirmou.

De quinta-feira (25) até essa última segunda, foram apreendidos: 135 armas de cano longo, como fuzis e carabinas, incluindo: 2 metralhadoras; 9 submetralhadoras; 6 espingardas; uma carabina; além de 24 armas de pequeno porte, como pistolas e revólveres; e 120 granadas.

Policiais da Drae (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos) afirmaram ao iG que o preço das armas no chamado mercado negro é bem maior do que o preço real do armamento. De acordo com um dos inspetores, que obteve as informações através de escutas telefônicas, o preço é calculado tendo como base o fuzil calibre 762.

"Um fuzil desse porte é vendido para as Forças Armadas por cerca de R$ 10 mil. Mas no tráfico de armas, uma arma dessas varia de R$ 50 mil a R$ 70 mil”, disse. Segundo o inspetor, que não quis se identificar, o preço do fuzil é usado como base porque é a arma de grande porte de mais fácil manejo para o traficante.

“Além disso, os bolivianos e colombianos, principais fornecedores do armamento, levam em conta o deslocamento da arma e o risco de serem presos com a entrada ilegal do armamento no País”. O preço também varia de acordo com o ano de fabricação do fuzil e a quantidade comprada.

De acordo com o inspetor, tendo como base o preço do fuzil, o restante do armamento é comprado de acordo com a potência. “Em uma metralhadora o tráfico paga cerca de R$ 70 mil, já em uma submetralhadora de R$ 30 mil a R$ 50 mil. Já as armas de pequeno porte custam o dobro ou triplo do preço do mercado. Uma pistola é vendida por R$ 6 mil, já uma granada, adquirida pelo preço normal de R$ 800, no mercado negro chega a R$ 2 mil”, afirmou.

Desvios e corrupção policial

A cúpula de Segurança do Rio investiga o envolvimento de policiais no desvio de dinheiro, drogas e armas apreendidas, além de facilitação de fuga de traficantes.

As polícias Militar e Civil, cujos contingentes somam 1.600 homens, não relataram nenhuma apreensão de dinheiro.

A Polícia Federal, que atua com 300 homens, anunciou ter recolhido R$ 39.850, e o Exército, que tem 800 soldados, relatou R$ 106 mil. Apurou-se, porém, que esse valor declarado pelo Exército foi registrado na delegacia da Penha como R$ 75,1 mil. Na versão da 22ª Delegacia de Polícia, na Penha, a quantia apreendida pelo Exército foi de US$ 27 mil mais R$ 29 mil (total de R$ 75,1 mil). Procurado de novo, o Comando Militar do Leste não quis comentar as declarações.


Uma autoridade que pediu para não ter o seu nome divulgado disse que está havendo no Alemão “uma verdadeira caça ao tesouro”, o que está deixando vários policiais indignados. Suspeita-se que o dinheiro que deveria ter sido apreendido tenha saído da favela em mochilas de policiais, enquanto carros de polícia eram usados para levar pertences como televisores. Contrariados por presenciar esses furtos, integrantes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) atiravam nas telas de TVs que estavam sendo levadas, disse uma fonte à reportagem vinculada pela Folha.

A cúpula da segurança também investiga denúncias e indícios de que policiais teriam avisado traficantes sobre o cerco, em troca de dinheiro, permitindo a fuga dos bandidos. Em agosto, a Folha revelou que a Secretaria de Segurança investiga a existência de uma “caixinha” do tráfico da Rocinha para pagar policiais que dão informações sobre ações contra o tráfico.

A Corregedoria Geral Unificada, da Secretaria Estadual de Segurança, vem recebendo denúncias sobre a fuga dos traficantes do Complexo do Alemão durante as ações militares e policiais. Uma das informações investigadas é a de que três policiais teriam recebido seis barras de ouro dos bandidos para facilitar a fuga. Ainda não há confirmação se isso ocorreu. "A denúncia está um pouco vaga, mas já iniciamos a apuração. Procuramos reunir provas para punir os autores ou autor do desvio de conduta", afirmou o corregedor, desembargador Giuseppe Vitagliano.


FORÇA ORGANIZADA ANTI PROIBICIONISTA - FOAP - AUTO CULTIVO

Por isso a FORÇA ORGANIZADA ANTI PROIBICIONISTA vai na contramão tanto das forças policiais quanto ao movimento do tráfico de drogas. Ambas atuações são danosas a sociedade como um todo, e são movimentos desesperados para solucionar a exclusão social, má distribuição de rendas, a confusão quanto aos direitos e deveres e o mal desempenho do papel cidadão dos indivíduos e coletivos, seja pobre ou rico, seja bandido ou policial. Lutamos pelo usuário da cannabis e seus interesses, o elo mais fraco nessa disputa de poder, que financia 33 milhões ao tráfico, leva prejuízo, tem que se envolver com bandidagem, corre risco de ser extorquido, preso ou morto pela policia.

E a culpa é de quem? Eu que fumo minha erva e não faço mal a ninguém?